Algodres [Fornos de Algodres, Guarda]


Em relação à origem do seu nome existem [pelo menos] três teorias, restando aprofundar qual delas poderá ser a correta:
1.      A romana, que o faz derivar da [pretensa] palavra latina alcodrium;
2.      A árabe, ou seja, al cton [algodão] -> Algodrons -> Algodes -> Algodres. Existe [ainda] quem defenda a hipótese de derivar de al godor [plural de gadir], significando lago, lagoa ou [mesmo] ribeiro; e
3.      A celta, através de Al.
A freguesia teve carta de foral dada, em 1200, por D. Sancho I. Posteriormente, a localidade recebeu novo foral, em 6 de março de 1311, dado por D. Dinis e, finalmente, um outro, a 20 de maio de 1514, por D. Manuel.
As Inquirições de D. Afonso III referem-se-lhe várias vezes, destacando-se os nomes dos cavaleiros-fidalgos Afonso Fernandes, Mem Pichel, Fernão Lopes e Estêvão Peres [de Tavares] que, parece, desrespeitavam, no tempo de D. Sancho II, as concessões dos concelhos.
A vigairaria era do padroado real e foi comenda da Ordem de Cristo.

António Bernardo da Costa Cabral nasceu em Fornos de Algodres, pequena vila encravada nas serranias da Beira, distrito da Guarda, a 9 de Maio de 1803, filho segundo de António Bernardo da Silva Cabral, um modesto proprietário rural e lavrador, falecido em Fornos de Algodres em Junho de 1870, Cavaleiro em 1841 e Comendador a 21 de Janeiro de 1845 da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, e de sua mulher Francisca Vitória Rebelo da Costa Corte-Real. Não sendo oriundo de família rica, os pais, face às despesas que já incorriam com os estudos do filho mais velho, optaram por lhe destinar uma carreira militar.
Para tal, mandaram-lhe ensinar as primeiras letras pelo abade da terra, como era então costume, mas o jovem tão bem se houve que aos 15 anos de idade estava habilitado com os preparatórios da Universidade de Coimbra, para onde o pai, com grande sacrifício da economia familiar, se resolveu enfim a mandá-lo também. Ali, aluno brilhante, conclui em 1823, com apenas 20 anos de idade, a sua formatura em Direito, iniciando de imediato a prática da advocacia. [aqui]

De entre as várias lendas existentes [1], destaco a da [chamada] quinta do Inferno:
Um certo homem constatou que junto de uma gruta ou fonte se reuniam uns indivíduos estranhos. Resolveu investigar e durante uma noite de inverno constatou que eram diabos disfarçados de pessoas, embora com chifres na testa.
Foi descoberto e teve de fugir indo agarrar-se à corda do sino, talvez para o tocar a rebate. Contudo, não o chegou a fazer porque, àquela hora [meia-noite] cantou um galo preto e os diabos fugiram apressadamente.
Deste fato resultou chamar-se àquele sítio quinta do Inferno e a Algodres terra onde o diabo tem património.


[1] Lapa negra, lage escorregadia e lage da rainha, etc.

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