Rosmaninhal [Idanha-a-Nova, Castelo Branco]


Esta e outras povoações da chamada raia, assim como toda a região entre os rios Zêzere e Erges eram já dos cristãos no tempo de D. Teresa embora estivessem despovoados.
Em 1165, D. Afonso Henriques doou Idanha-a-Velha e Monsanto, ao qual pertencia o vasto território mencionado supra, a D. Gualdim Pais, mestre provincial da Ordem do Templo [em Portugal] [1]. Foi, contudo, com D. Sancho, ao doar o território de Idanha a D. Lopo, sucessor de Gualdim Pais, que o repovoamento do local terá tido consistência [2].
Como sabido, após a extinção da Ordem do Templo, D. Dinis conseguiu que os seus bens fossem adjudicados à coroa e, em 1319, cedeu-os à Ordem de Cristo, fundada a instâncias suas [3]. Rosmaninhal passou assim para a nova Ordem sendo seus comendadores os marqueses de Fronteira e Alorna.
Em 1 de junho de 1510, D. Manuel [I] outorgou-lhe o [seu] primeiro e único foral conhecido.


[1] Foi por esta altura que o castelo terá sido construído e, dentro dele, a igreja [atual igreja matriz, situada na parte mais elevada da povoação e está rodeada por um amplo adro, a antiga barbacã], com cemitério anexo [*].
[2] Por um documento datado de 1307 e feito pelo bispo egitanense D. Vasco Martins sabemos que o Rosmaninhal foi pertença da Ordem do Templo e que foi um dos seus freires quem primeiro a povoou.
Este documento serviu como ação contra a Ordem do Templo por causa da jurisdição da Ordem sobre Idanha-a-Velha e Salvaterra e dos castelos de Rosmaninhal, Segura e Proença, apresentado para prova que Idanha-a-Velha e respetivo concelho não pertencia aos Templários, uma doação que D. Sancho II tinha feito ao bispo D. Vicente.
Este documento aparece transcrito num outro que D. Dinis mandou lavrar na Guarda, a 27 de abril de 1307, e diz:
Quando o rei D. Sancho II vosso tio povoou a cidade de Idanha-a-Velha (foral de 1229) e lhe tivesse dado termo demarcado por certos marcos, dentro desses marcos do termo de Idanha o mestre D. Pedro Álvares sem consentimento do concelho de Idanha-a-Velha tivesse povoado Proença e que D. Estêvão Beumeten frade dessa Ordem tivesse povoado o Rosmaninhal dentro dos marcos do termo de Idanha-a-Velha e tenham agora os frades os dois lugares contra a vontade do concelho de Idanha-a-Velha cujos devem ser e devem servir e fazer reverência como aldeias à sua cidade onde têm termo e foro. Pedimos por mercê que julgueis na cidade de Idanha-a-Velha, Proença e Rosmaninhal por suas aldeias pois estão em seu termo segundo o que parece por ser termo de Idanha-a-Velha.
[3] No tombo da comenda da Ordem de Cristo, datado de 1321, lê-se: Tem primeiramente a dita vila uma igreja da povoação de Nossa Senhora qual largamente se trata no processo das visitações, na visitação da dita igreja e se faz quando este tombo se mandou fazer. O mesmo acontece com os tombos de 1678 [onde se refere a capela de Nossa Senhora dos Remédios ou capela das Chuças] e de 1776.

            [*] No cemitério foram encontradas várias estelas [**], não necessariamente templárias, apresentando, a sua grande maioria, representações da cruz [***] grega, também conhecida por:
                        Cruz de braços curvilíneos [Abel Viana, Manuel J. Gandra, Beleza Moreira];
                        Cruz pátea [Manuel J. Gandra];
                        Cruz patada [Ana Cristina Oliveira];
                        Cruz orbicular [Almeida Garrett];
                        Cruz espalmada de braços côncavos [Félix Alves Pereira];
                        Etc.

            [**] Dois grupos, um dos quais desaparecido, compostos por seis estelas cada [Vide Mário Lobato Chambino, Rosmaninhal. Lembranças de um mundo cheio… e Francisco Henriques, João Caninas e Mário Chambino, Carta arqueológica do Tejo internacional, vol. 3].

            [***] Esta foi a cruz adotada, em meados do século XII, pelos Cavaleiros Templários. Assim, A Cruz aparece carregada de significado e é um dos símbolos mais documentados desde os tempos mais remotos. A Cruz simboliza a Terra e é a base de todos os símbolos de orientação (se tivermos em conta os pontos cardeais) […] è a cruz que estrutura a planta dos Templos, que atravessa os campos e os cemitérios. A intersecção dos seus braços marca as encruzilhadas. A iconografia Cristã conotou a cruz com a imagem da crucificação de Cristo. [Jorge Guedes e Luís Costa, Cabeceiras de sepulturas do adro da igreja matriz de Loures, Actas do VIII congresso internacional sobre estelas funerárias, realizado entre 16 e 18 de maio de 2005, em O arqueólogo português, suplemento 3, p. 199-213]

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