Capela da Senhora do Castelo [Castelo de Ródão, Castelo Branco]


A capela da Senhora do Castelo é um pequeno monumento situado cerca de 160m a noroeste do castelo. Assenta numa plataforma de altitude inferior à do castelo. Está bem enquadrada na paisagem, sobressaindo a cor branca das suas paredes.
Inicialmente teria planta rectangular, uma vez que as duas sacristias hoje existentes lhe foram adossadas posteriormente, ficando com planta em T.
O templo tem quatro janelas. Cada sacristia possui uma janela, envidraçada há poucos anos. As duas restantes foram abertas na fachada do templo, de ambos os lados da porta principal. Estas últimas têm a forma de seteira alargada e estão protegidas com grades de ferro.
A capela tem quatro portas para o exterior, construídas em madeira e de aparência resistente. Cada sacristia tem uma porta, estando viradas respectivamente para norte e poente. As outras duas dão acesso à nave da capela e estão viradas para sul e poente.
A fachada do templo, que está virada a poente, possui três aberturas para o exterior, como se afirmou, uma porta e duas pequenas janelas (0,58m x 0,24m) de contorno rectangular, ladeadas em todo o perímetro exterior por uma barra em alto-relevo e encimadas por um friso decorativo simples. Têm uma secção bitroncopiramidal.
A porta principal está envolvida por uma barra em alto-relevo, semelhante à da janela, e é rematada por um arco de volta redonda. O arranque do arco faz-se sobre duas impostas em tijoleira. Sobre a porta observa-se um nicho vazio. Entre este e o topo da porta está esculturada, em alto-relevo, uma pequena vieira.
Um poial simples e rústico acompanha, exteriormente, as paredes sul e poente.
A sacristia do lado norte possui planta rectangular (4,90m x 3,00m). Tem duas aberturas ao exterior; uma porta virada a norte e uma janela a nascente. Uma terceira porta dá acesso directo ao altar-mór. O telhado, de uma água, tem estrutura de madeira. Este compartimento contém um tanque, de betão, com uma pequena abertura fechada com tampa de ferro. Parece de construção recente. Deve ter servido para providenciar as carências de água neste lugar. Três bilhas de barro e um pequeno móvel em madeira muito degradado completam o recheio deste espaço.
A sacristia do lado sul é igualmente de planta rectangular (4,87m x 2,93m). Possui duas aberturas ao exterior, já mencionadas, e uma porta de ligação ao altar-mór. O espólio, observado em 1990, reduzia-se a um confessionário simples, uma escada de madeira e uma angarela também de madeira.
O corpo principal do templo é composto pela nave (8,98m x 5,00m) e pelo altar-mór (3,90m x 5,15m). A separá-los existe um arco de volta redonda. A nave possui quatro aberturas ao exterior já referidas: duas pequenas janelas, em forma de seteira, uma porta virada a poente, a principal, e uma outra porta virada a sul. O chão é revestido a cimento e o tecto, de três planos em forma de maceira, é forrado a madeira.
Do lado direito de cada uma das portas existe uma pia de água benta. São diferentes entre si. A pia fixada junto da porta principal, em granito de grão grosso, é pequena, singela, semi-esférica e de planta sub-circular. A outra pia, fixada junto da entrada sul, em granito de grão médio, tinha formato tronco-cónico, planta circular e era nervada no seu exterior. Assentava sobre uma base cilíndrica rebocada e caiada a branco. Esta pia foi roubada em Junho de 1994.
O altar-mór é um espaço de planta rectangular (3,90m x 5,11m), com duas portas que dão acesso às respectivas sacristias laterais e um grande arco de 0,53 m de espessura que a separa da nave. O tecto, de três planos, está revestido a madeira pintada de cor azul-acinzentada. O soalho é de dois níveis e está forrado a cimento.
A importância deste templete advém, principalmente, do seu espólio: um altar hodierno, em madeira, sem valor artístico; um silhar de azulejos com motivos mudéjares; uma imagem da Virgem com o Menino, em pedra, e um pequeno altar em talha barroca.
O frontal de azulejos cobre o altar-mór primitivo. É uma peça que remonta ao século XVII. Da superfície lateral norte (0,85m x 1,00m) são unicamente visíveis três azulejos e metade doutro numa única fila vertical. Os restantes sete azulejos e meio estão cobertos com cal. Na superfície restante não há vestígios de azulejos; ou não os há ou estão cobertos com uma espessa camada de argamassa. A superfície frontal (2,00m x 1,00m) está completamente coberta de azulejos. Na superfície virada a sul (0,85m x 1,00m) faltam vários azulejos. Nos últimos anos tem aumentado o número de azulejos roubados.
Os azulejos têm forma quadrangular com 0,13m de lado e cerca de 0,01m de espessura. Os motivos são mudéjares e quando agrupados quatro a quatro formam um círculo espesso que circunscreve um motivo rosáceo. As cores predominantes são o azul, o verde e o castanho claro, aplicadas sobre esmalte branco.
A parte superior do altar é em talha. "É uma muito regular obra do final do século XVII dentro do estilo da talha barroca a que o especialista Robert Smith chamou estilo nacional. Apesar das pequenas proporções, é sublime o ritmo que as quatro colunas salomónicas, decoradas com folhagens eucarísticas, conchas e cachos de uva, dentro de um naturalismo decorativo ainda pouco vincado imprimem ao todo retabular, rematado por duas espécies de arquivoltas".
Em 1986 as quatro colunas salomónicas foram roubadas. Em Junho de 1994 foi roubado todo o altar de talha. Por razões de segurança e de culto, a imagem de Nossa Senhora do Castelo encontra-se em Vila Ruivas há mais de uma década. A imagem voltava à capela nas ocasiões festivas, ou quando o culto o exigia, em particular na romaria de 15 de Agosto. A capela não voltou a ser usada para actos religiosos desde o roubo do altar de talha [1].


[1] João Caninas, Francisco Henriques e Jorge Gouveia, O castelo de Ródão e a capela da Senhora do Castelo (Vila Velha de Ródão).

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