Castelo de Ródão [Castelo Branco]


Este imóvel militar é designado localmente por Castelo de Ródão, Castelo das Vila Ruivas, Castelo do Rei Vamba ou, simplesmente, Castelo das Portas. Apesar da designação adoptada, localmente, deverá antes ser considerado tipologicamente uma torre de vigia. É basicamente constituído por uma torre e uma muralha fechada e não integra nenhuma povoação. […]
A torre é um paralelipípedo rectângulo com cerca de 7,35m de dimensão horizontal nos lados norte e sul e 10,85m nos lados este e oeste. Possui cerca de 15m de altura e não apresenta área coberta. A torre é constituída por um piso térreo, hoje parcialmente entulhado por materiais provenientes do seu topo e do exterior. No interior, apresenta um friso, definido pelo adelgaçamento da parte superior da parede da torre, que suportaria um soalho em madeira.
Na parte superior da torre, e em cada uma das quatro faces, há aberturas para o exterior. As aberturas voltadas a este, norte e oeste são semelhantes entre si. São seteiras de recorte rectangular que estreitam progressivamente do interior para o exterior. Passam quase despercebidas a quem as observa de fora.
A abertura da fachada sul do monumento, ao nível do andar superior, corresponde possivelmente à porta. É um espaço definido por grandes blocos paralelipipédicos de granito. A entrada é de recorte rectangular no exterior e tecto abaulado no interior. Podem ainda observar-se os gonzos abertos no granito de ambos os lados da entrada e assentos laterais.
Exteriormente a porta é encimada por um lintel de recorte sub-rectangular, com aletas laterais, sobre as quais assenta a restante estrutura do arco de que fazem parte. As aletas estão demarcadas por um sulco bem vincado. É necessário observar com atenção para concluir tratar-se de uma só peça. Um bloco de configuração quase triangular preenche o espaço existente entre o bloco anterior e o fecho do arco.
No bloco sub-rectangular referido foram lavradas, de forma discreta, cinco linhas horizontais, paralelas. Apenas a primeira linha atinge o fim da lápide; as outras são interrompidas para dar lugar a um círculo, dentro do qual foi insculpida a cruz da Ordem do Templo. O círculo inscreve-se em dois traços paralelos e verticais que o ligam ao rebordo inferior do lintel.
O arco é constituído por cinco aduelas, de granito, e pela peça anteriormente descrita, que integra as duas falsas aduelas ou aletas. A aduela do lado nascente possui uma marca de canteiro em forma de "s" horizontal.
O acesso ao piso térreo, actualmente, é praticado através de um buraco disforme com cerca de 2,80m de altura e 1,80m de largura. Foi aberto para facilitar o acesso ao interior da torre, possivelmente após o seu abandono. As paredes da metade inferior da torre apresentam um reboco parcialmente conservado, que nos leva a admitir ter este espaço servido como armazém ou até como cisterna. As paredes da torre têm uma espessura aproximada de 2,45m, no piso térreo. No andar superior essa espessura é inferior.
Observa-se no exterior, principalmente no piso superior, integrar o aparelho da torre fiadas paralelas de blocos quartzíticos. Como material ligante foi utilizada uma argamassa de cor clara, rica em elementos anti-plásticos, oriundos certamente do rio devido aos muitos fragmentos de conchas que apresenta.
Os cunhais da torre, de alhetas alternadas, são constituídos por blocos graníticos paralelipipédicos (juntoiras). O cunhal sudoeste já não apresenta juntoiras. Do cunhal sudeste desapareceu o terço inferior. Dos cunhais noroeste e nordeste desapareceram, de cada um deles, cerca de quatro juntoiras. Informaram-nos, há muitos anos, que os blocos em falta foram retirados para serem instalados nas bocas dos fornos em aldeias vizinhas; o granito indicado para esta função, não existe na região e já se encontra devidamente talhado.
A torre está descentrada no espaço intramuros. A muralha aproxima-se da torre no lado norte (5,70m), afasta-se consideravelmente no lado sul (41m), dista 6,55m no lado oriental e 11m no lado ocidental. Do lado ocidental, entre a torre e a muralha, observa-se grande acumulação de pequenos blocos quartzíticos que devem ter pertencido a construções (alojamentos?). Há alguns anos, foram abertos dois buracos em frente da face sul da torre. A parte central do recinto é ocupada por afloramento quartzítico.
A muralha foi implantada no primeiro pico situado a norte das Portas de Ródão. Parece ser constituída por dois panos de muralha justapostos e apresenta-se muito derruída em alguns troços. A espessura do pano exterior ronda 1,85m e o pano interior tem 0,90m. Ambos os panos de muralha foram construídos com blocos de quartzito ligados por uma argamassa com as características já indicadas.
Junto da estrada que conduz à capela e ao castelo é visível uma espessa muralha com alguns metros de extensão. A sua disposição, transversal em relação à cumeada, era de molde a fechar o acesso mais fácil ao castelo. Na encosta leste, subjacente ao castelo, e junto do morro norte das Portas de Ródão existem estruturas semelhantes.
Na tradição local conta-se que o granito utilizado na construção do castelo veio do sítio do Castelejo de Gardete, onde existe um imponente afloramento granítico, único no concelho de Vila Velha de Ródão. […] [1]


[1] João Caninas, Francisco Henriques e Jorge Gouveia, O castelo de Ródão e a capela da Senhora do Castelo (Vila Velha de Ródão).

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