[Lenda do] rei Wamba [Castelo de Ródão, Castelo Branco]


Nos portas de Ródão do lodo do Beira Baixa (Norte do Tejo) vivia um Rei que tinha lá um Castelo que se chamava Rei Wamba [1] e que dominava este lado. Este era um guarda avançado da Egitânia (Idanha-a-Velha).
O lado de lá era dominado por um Rei Mouro.
A mulher do Rei Wamba perdeu-se de amores pelo Rei Mouro e este para a raptar tentou fazer um túnel que passaria por baixo do Tejo para a poder ir buscar.
Os cálculos do Rei Mouro foram mal feitos e o buraco saiu acima do nível das águas (conforme ainda se pode ver). A mulher do Rei Wamba entrou em pânico e o Rei Wamba descobriu a finalidade do buraco.
O Rei Wamba vendo a paixão que ela manifestava pelo outro, ofereceu-a então ao outro Rei como presente, mas sendo atada à mó de um moinho, rolando pelas encostas até ao rio Tejo. Pelo sítio onde passou a mó com a mulher do Rei Wamba atada nunca mais nasceu qualquer vegetação, conforme hoje ainda se pode verificar no local [2].


[1] Segundo a tradição, o rei visigodo Recesvinto morreu em Gertigos, em 672, não longe da Idanha, lá para os lados de Salamanca. Reunida imediatamente a "aula régia", foi Vamba eleito sucessor do rei. Estava ele na Egitânia, sua terra natal, onde uns enviados da corte o procuraram para lhe participarem o facto. Não acreditou e não quiz aceitar o pesado encargo. Ameaçado de morte se não quizesse o trono, não se perturbara e teria dito que só aceitaria a coroa se essa fosse a vontade de Deus! E para tal se certificar, pegou numa vara de freixo, espetou-a no chão e exclamou: “Se é verdade que Deus quer que eu seja rei, prove-o fazendo voltar as folhas a verdejar nesta vara que também deverá tomar raízes!” E imediatamente o milagre se consumou! [Fernando de Almeida, Ruínas de Idanha-a-Velha, Lisboa, pp. 18-19]
[2] José Carlos Duarte Moura, Contos, mitos e lendas da Beira, p. 66.

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