[Igreja de Nossa Senhora de Águas Santas de] Rio Covo Santa Eulália [Barcelos, Braga]

A Freguesia de Rio Côvo Santa Eulália pertence ao Concelho de Barcelos, Distrito de Braga […] Banhada pelo Rio Côvo, Rio Côvo Santa Eulália está situada parte na encosta do Monte de Remelhe, que aqui lhe chamam Monte Grande, e parte em vale ameno e fértil. Confina com as Freguesias de São Paio de Midões e Várzea, a Norte; Carvalhas e Silveiros, a Sul; Moure, Fonte Coberta e Carreira, a Nascente e, ainda, com Remelhe, a Poente.
O documento mais antigo que se conhece mencionando esta freguesia data do ano de 906 [1], designando-a de Santa Eulália de Águas Santas, Santa Olaia ou Santa Baia, como outrora lhe chamava o povo. Só mais tarde é que viria a adoptar o apelido do rio que nela passa. Aparece neste tempo igualmente com a designação de Sylva Scura significando “bosque escuro” dando a entender que seria uma zona de mata densa. As suas fronteiras mantêm-se desde então sem alterações significativas. A designação de “Águas Santas” resulta das águas de uma fonte desta Freguesia serem consideradas milagrosas [2].
No Censual de Braga, do século XI, já surge com a designação de Santa Eulália de Ribulo Côvo. A Freguesia aparece ainda mencionada nas Inquirições de D. Afonso II, em 1220. Depois, em 1290, aparece como Couto de Santa Ovaia de Rio Côvo.
Rio Côvo Santa Eulália, estava integrada nas Terras de Faria. O Rei não tinha aqui algum reguengo e davam ao Senhor da terra “colheita” umas vezes o terço, outras o quarto e outras o quinto. Esta Freguesia tinha dentro dos seus limites sesmarias e 18 casais, o [Ordem de São João do] Hospital [de Jerusalém] 11 Casais, o [Cónegos Regrantes do Santo] Sepulcro 1 casal e Várzea 4 casais. A sua comenda tinha ainda casais em Midões, Silveiros, Remelhe, Moldes, Pedra Furada, Chorente, Moure, Paradela, Pereira, etc.
Esta Freguesia foi Comenda dos da Ordem dos Templários que, segundo a opinião de alguns escritores, foi admitida em Portugal, em 1125, pela Rainha D. Tareja. Em 1128, já tinha casa em Braga, onde também teve um Hospital. Extinta a Ordem dos Templários em 1312, el-rei D. Dinis criou a nova Ordem de Cristo, passando para esta todos os bens daquela. […] [aqui]


[1] Está datado de 11 de janeiro e trata de um litígio entre os bispos de Iria Flávia [Dom Sesnando] e de Coimbra [Dom Nausto] sobre a posse da igreja e villa de Santa Eulália [Diplomata et Chartae, n.º XIII].
[2] Aqui existe uma nascente de águas de cujas propriedades, ainda hoje, o povo fala com admiração e que relaciona com as Caldas de Eirogo, além Cávado. Há a crença na existência de umas antigas termas que acabariam nos tempos dos mouros.
Que aqui tinham existido umas termas romanas ou, pelo menos, um santuário ligado ao culto das águas, tão frequente no Noroeste peninsular, não pode haver dúvida. [Carlos Alberto Ferreira de Almeida, Ainda o documento XIII dos Diplomata et Chartae]

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